25 de Fevereiro de 2011

"Era uma vez
O mundo"
(Oswald de Andrade, Crônica)

Geralmente, eu gosto mais de ler poemas curtos, porque é mais rápido terminar de ler o poema. Até soneto, que somente tem quatorze versos, é difícil querer ler às vezes. Então é mais provável de que eu gostaria mais de um poema bem curto como este de Oswald de Andrade. No entanto, a brevidade deste poema também dá mais sentido a ele. O autor está zoando as antigas crônicas e histórias dos exploradores. O título é "Crônica," e o poema começa com "Era uma vez." Isto dá o sentido que vai ser alguma grande ou exótica história, mas no próximo verso o poema só termina com "O mundo." Então o autor está dizendo que tudo aconteceu uma vez. A ironia é que uma frase tão simples e curta possa descrever tudo que já aconteceu na história do mundo. É engraçado.

17 de Fevereiro de 2011

"Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

'Espera ao menos que desponte a aurora!
[...]
Espera um pouco! deixa que amanheça!'

-E ela abria-me os braços. E eu ficava.

E, já manhã, quando ela me pedia
Que de seu claro corpo me afastasse,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

'Não pode ser! não vês que o dia nasce?
[...]
Espera um pouco! deixa que anoiteça!'

-E ela abria-me os braços. E eu ficava."
(Olavo Bilac, Tercetos)


Este poema tem duas partes. O autor escreve sobre um amante que quer passar mais tempo com sua namorada. Na primeira parte ele desenvolve alguma desculpa sobre a escuridão da noite e a chuva etc. até a moça calmamente deixa ele ficar até a manhã. Então, na segunda parte, quando finalmente amanheça, a namorada diz que ele deveria sair. Então o amante tem que inventar outra desculpa sobre como é muito cedo, e o que as pessoas pensariam se eles o vissem, e ele quer ficar até a noite, etc. Então ela deixe-o ficar até a noite, e isto é o fim do poema.
Eu acho que este poema captura os sentimentos de namorados novos. Eles só querem ficar juntos, e para eles, nada mais importa. É muito difícil pensar no futuro, e provavelmente eles vão poder se ver novamente. No entanto, enquanto estão namorando, é bem mais fácil pensar só no momento. Se um dos dois precisa sair, o outro vai pensar em tudo que consegue para fazer o primeiro ficar mais tempo. Muitas vezes, portanto, os namorados novos deixam ou esqueçam de fazer seus deveres. Por exemplo, no primeiro semestre que eu estava namorando minha esposa, eu recebi o pior GPA que eu já tenho recebido. Foi muito afortunado que nós nos casamos, porque minhas notas só tem melhorado desde nosso casamento. Ao menos eu estou grato que eu jamais terei que passar por tudo que estes dois namorados neste poema estão passando novamente.

11 de Fevereiro de 2011

"Poesia
grão amargo
entre meus dentes."
(Neide Archanjo, Poesia)

Estes três versos constituem este poema todo. Podemos saber que isto é poesia porque tem uma forma claramente diferente do que a prosa. Neide Archanjo está dando a definição de poesia; o que é poesia para ela. É fácil entender o que ela está pensando sobre a poesia. É uma coisa que queremos expressar, mas é muito difícil rasgar da boca. É aquela grão amarga que, se estivesse na terra ao invés de preso nos dentes, brotaria e floresceria em algo bonito. No entanto, até o momento que conseguimos tirar da boca e dizer ou escrever o que estamos pensando, vai ficar nos aborrecendo. Mas, por que está em nossa boca em primeiro lugar? É porque quando criamos os versos lindos da poesia nós desejamos, nós ansiamos para criar mais. Mas quando pensamos em uma idéia para uma poesia, esta idéia vai nos irritando até trabalhamos suficientemente para soltar esta idéia da mente ou da boca.

4 de Fevereiro de 2011

"-Não, Igor. Queremos evitar uma guerra de extermínio. Temos os meios para eliminar a sua espécie, mas...
Outra vez, Igor interrompe, expelindo uma baforada de fumaça que o secretário recebe na cara com maldisfarçado desgosto.
-Negativo, doutor. Vocês não têm como nos liquidar. A bomba? Seria preciso arrasar todas as grandes cidades do planeta, e ainda assim sobreviveríamos nas ruínas. Guerra bacteriológica? Não esqueça que as experiências com germes foram feitas conosco. Existe uma elite entre nós, criada em laboratórios, imune a todos os vírus. Podemos transmitir essa imunidade a várias gerações em questão de semanas. Nós, reverendíssimo, é que temos os meios para liquidar vocês."
(Luis Fernando Verissimo, Negociações)


Nesta crônica, o Luis Fernando Verissimo está contando uma história de uma grande conferência entre a raça humana e os ratos. Já existem bilhões mais ratos no mundo do que homens, e os homens querem negociar como continuar porque acham que quase não há espaço mais para as duas raças. Nesta citação a representante dos ratos, chamado Igor, está explicando por que nenhuma das armas dos homens seria capaz de destruir os ratos. A verdadeira razão é que os homens têm criado um espécie que é imune às suas próprias armas porque experimentaram com os ratos. Se os homens decidam jogar uma bomba, matariam se mesmos com os ratos, e o que é mais é que os ratos conseguiriam viver nas ruínas.
É claro que esta crônica é de ficção, mas tem uma lição, ou pelo menos uma questão, interessante. A raça humana é verdadeiramente a espécie dominante na terra? Talvez pode ser que não. Talvez nós teremos criado uma espécie que é mais resistente do que nós por tanta experimentação nela. Claro que nós temos como destruir todos os ratos, ou todas as outras espécies de criaturas da terra, se pensaríamos que necessitava. No entanto, teríamos que destruir nossa espécie no processo. Agora, eu acredito que jamais haverá uma situação em que a única esperança para salvar a raça humana é de destruir todos os ratos na existência. Contudo, talvez nós como um povo deveríamos tomar mais cuidado e aceitar mais responsabilidade para as nossas ações para com nossa planeta.