13 de Abril de 2011

No início do filme musical Nha Fala, dirigido por Flora Gomes, há uma cena em que os membros do coro da igreja da cidade querem que Vita, a estrela do filme, escolhe um deles para liderá-los. Quase cada um deles canta sobre a razão pela qual merecem ser escolhido. O que eu acho notável nesta cena é que ela não canta. Em verdade, Vita não canta até muito tempo depois, por causa da suposta maldição em sua família: se alguma mulher da família canta, ela morrerá. (Eventualmente ela começa a cantar depois de morar vários anos em Paris). É interessante que todo mundo tem este respeito para ela, confiando nela para decidir quem servirá como líder do coro. Parece que o povo da cidade sabe que a voz dela tem o potencial para ser muita bonita, e então quer ouvi-la cantar. No entanto, por causa desta suposta maldição ela é muito resistente. É afortunado que eventualmente ela decide cantar, e portanto perceber que a maldição não tem poder. Daí ela pode compartilhar sua voz com a cidade, o mundo - e talvez mais importante com sua mãe, que assim também pode cantar.

7 de Abril de 2011

No filme Dot.com, dirigido por Luís Galvão Teles, tem uma cena em que Elena está conversando no telefone com seu chefe na Espanha, e diz que está deixando o emprego. Ela decidiu que o processo da corporação de Águas Altas contra a vila de Águas Altas não era certo. Para mim, isto representa mais uma vitória importante da aldeia. A aldeia já tem o apoio de Portugal, porque a corporação de Águas Altas é uma empresa espanhola e existe a rivalidade entre os dois países. Então, quando Elena, que foi enviado à aldeia para resolver a situação com o site, muda de posição, ela dá mais esperança de que a aldeia vai ganhar a luta. É claro que isto é um filme de ficção - uma comédia, na verdade - mas eu acho que está mostrando não somente um tipo de história de Davi contra Golias, está mostrando a influência que a vida mais simples possa ter. Porque Elena está na aldeia por alguns dias, o romance da cidade tem o tempo suficiente para mudar sua perspectiva nas coisas. Existe um sentimento bom em lugares simples assim, como a aldeia da Águas Altas, e neste caso foi o contraste perfeito da correria de um emprego numa empresa internacional e a cidade grande. Não acredito que isto é o que todo o mundo precisa, mas existe uma qualidade importante em uma vida mais relaxado. E, para esta aldeia e a situação em que se encontrava, foi importante que Elena decidiu deixar a correria e ficar ali.

1 de Abril de 2011

Em seu filme Edifício Master, Eduardo Coutinho entrevista um homem já velho chamado Henrique. Na entrevista ele fala sobre seus três filhos que moram nos Estados Unidos, e que ele também tinha morado nos Estados Unidos muito tempo. A parte que eu mais gostei foi quando ele conta a história de como ele conheceu Frank Sinatra. Ele diz que uma vez os dois cantaram juntos, e daí ele fala sobre as músicas de Sinatra e que ele sempre gosta de tocá-las para os outros ouvirem. Ele diz que as músicas de Sinatra são sobre sua vida, e então ele toca no estéreo a música My Way e canta junto. Ele está mais gritando do que cantando pelo fim, mas nós que estamos assistindo o filme vemos a emoção que a música leva dentro dele. Escutando esta música, e pensando na letra, me fez pensar não somente nesta entrevista, mas em todas. Todas as pessoas já tiveram muitas experiências na vida, e estão na situação que estão - e sobrepujaram as provações da vida que sobrepujaram - por que eles fizeram as coisas da maneira que quiseram.

18 de Março de 2011

"
Agora eu decidi: só morto me levam daqui. Juro por Santa Bárbara, só morto.

Secreta
(Vê a faca na mão de Zé-do-Burro.) Tome cuidado, chefe, que ele está armado! (Observa a atitude hostil dos capoeiras.) E essa gente está do lado dele!

Coca
Estamos mesmo. E aqui vocês não vão prender ninguém!

Delegado
Não vamos por quê?

Manuelzinho
Porque não está direito!

Delegado
Estão querendo comprar barulho?

Coca
Vocês que sabem...

Delegado
Não se metam, senão vão se dar mal!

Secreta
E é melhor que se afastem.

Rosa
Zé!


Me deixe, Rosa! Não venha pra cá!
Zé-do-Burro, de faca em punho, recua em direção à igreja. Sobe um ou dois degraus, de costas. O Padre vem por trás e dá uma pancada em seu braço, fazendo com que a faca vá cair no meio da praça. Zé-do-Burro corre e abaixa-se para apanhá-la. Os policiais aproveitam e caem sobre ele para subjugá-lo. E os capoeiras caem sobre os policiais para defendê-lo. Zé-do-Burro desaparece na onda humana. Ouve-se um tiro. A multidão se dispersa como num estouro de boiada. Fica apenas Zé-do-Burro no meio da praça, com as mãos sobre o ventre. Ele dá ainda um passo em direção à igreja e cai morto. 

Rosa
(Num grito.) Zé! (Corre para ele.)

Padre
(Num começo de reconhecimeto de culpa.) Virgem Santíssima!

Delegado
(Para o Secreta.) Vamos buscar reforço. (Sai seguido do Secreta e do Guarda.)
O Padre desce os degraus da igreja, em direção do corpo de Zé-do-Burro.

Rosa
(Com rancor.) Não chegue perto!

Padre
Queria encomendar a alma dele...

Rosa
Encomendar a quem? Ao Demônio?

O Padre baisa a cabeça e volta ao alto da escada. Bonitão surge na ladeira. Mestre Coca consulta os companheiros com o olhar. Todos compreendem a sua intenção e respondam afirmativamente com a cabeça. Mestre Coca inclina-se diante de Zé-do-Burro, segura-o pelos braços, os outros capoeiras se aproximam também e ajudam a carregar o corpo. Colocam-no sobre a cuz, de costas, com os braços estendidos, como um crucificado. Carregam-no assim, como numa padiola, e avançam para a igreja. Bonitão segura Rosa por um braço, tentando levá-la dali. Mas Rosa o repele com um safanão e sugue os capoeiras. Bonitão dá de ombros e sobe a ladeira. Intimidados, o Padre eo Sacristão recuam, a Beata foge e os capoeiras entram na igrega com a cruz, sobre ela o corpo de Zé-do-Burro. O Galego, Dedé e Rosa fecham o cortejo."

(Dias Gomes, O Pagador de Promessas, 169-172)

Esta citação é da última parte da peça, e ao ler, eu fiquei muito aborrecido com o assassinato de Zé-do-Burro. É realmente "Um dos mais empolgantes desfechos do teatro brasileiro contemporâneo - e universal," como diz na sinopse da capa. Este trecho mostra o contraste e oposição entre as autoridades da época, tanto eclesiásticas quanto do governo, no Brasil, e o povo comum. É um forte comentário social. As autoridades querem tanto o controle sobre o povo que acabam piorando tudo. Zé-do-Burro foi um simples camponês que tive a fé de fazer uma promessa à Santa Bárbara, e a lealdade de cumpri-la, não se importando com o custo. No entanto, o Padre (representando as autoridades eclesiásticas) e o Delegado e Secreta (representando as autoridades do governo) pensam que ele vai levar o povo em algum tipo de revolução se ele completar sua promessa. Mas os leitores sabem que isto não é o propósito dele. Ele só quer pagar sua promessa e ir embora, sem nenhum estardalhaço.
E uma coisa interessante é que se o Padre tinha deixado ele entrar na igreja com sua cruz primeira coisa da manhã, quase ninguém saberia. Ele podia pagar sua promessa, voltar para seu sítio, e tudo estaria terminado. Então o padre podia fazer qualquer coisa que quisesse com a cruz porque Zé-do-Burro voltaria e os dois nunca se veriam mais. Mas em vez disso, a situação fica se enrolando durante o dia inteiro, incluindo mais e mais pessoas até no final Zé-do-Burro é assassinado durante a briga entre ele, os policiais, e os capoeiras. Por causa deste desejo para controlar o povo que estas autoridades têm, em vez de deixar Zé-do-Burro em paz, eles acabam matando-o desnecessariamente. Bem, "desnecessariamente" seria uma atenuação muito grande. Os leitores somente podem esperar que alguma destes personagens aprendeu alguma coisa, e vai mudar a maneira de pensar para não ter outro episódio como este.

11 de Março de 2011

"
(Em desespero.) Mas, padre, eu prometi levar a cruz até a altar-mor! Preciso cumprir a minha promessa!

Padre
Fizesse-a então numa igreja. Ou em qualquer parte, menos num antro de feitiçaria.

Eu já expliquei...

Padre
Não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao Diabo!

Padre...

Padre
Um ritual pagão, que começou num terreiro de candomblé, não pode terminar na nave de uma igreja!

Mas, padre, a igreja...

Padre
A igreja é a casa de Deus. Candomblé é o culto do Diabo!

Padre, eu não andei sessenta léguas para voltar daqui. O senhor não pode impedir a minha entrada. A igreja não é sua, é de Deus!

Padre
Vai desrespeitar a minha autoridade?

Padre, entre o senhor e Santa Bárbara, eu fico com Santa Bárbara.

Padre
(Para o Sacristão) Feche a porta. Quem quiser assistir à missa que entre pela porta da sacristia. Lá não dá para passar essa curz. (Entra na igreja.)"

(Dias Gomes, Pagador de Promessas, 69-70)

O diálogo entre Zé-do-Burro e Padre Olavo aqui é um comentário interessante a respeito do relacionamento entre as autoridades da Igreja Católica e o povo comum no Brasil nesta época. O Padre é mais preocupado com o que os homens pensam, enquanto Zé somente está preocupado com a promessa que ele fez com Santa Bárbara. O Padre fala que ele não vai deixar Zé entrar na igreja por que ele fez sua promessa no terreiro de Iansã. No entanto, dá para sentir que talvez ele não quer deixar Zé levar a cruz por dentro da igreja por que o Padre nunca viu nenhuma coisa assim, e ele tem medo do que o povoado vai pensar dele. Por outro lado, Zé somente pensa na promessa que ele fez com Santa Bárbara. Então, existe ironia aqui neste diálogo. O Padre fala que o homem não pode servir a dois senhores, mas se ele estivesse servindo a Deus, ele deixaria Zé pagar sua promessa. Daí o Padre fala que a igreja é a casa de Deus, e Zé responde que sim, a igreja é a casa de Deus, e Deus não rejeita ninguém. Afinal, Zé diz que ele vai escolher O Senhor, em vez do Padre, e o Padre se afasta da situação, fugindo para dentro da igreja. 


4 de Março de 2011

"Tirem-nos tudo,
mas deixem-nos a música!
[...]
Podem desterrar-nos,
levar-nos
para longes terras,
vender-nos como mercadoria,
acorrentar-nos
à terra, do sol à lua da da lua ao sol,
mas seremos sempre livres
se nos deixarem a música!"
(Noémia de Sousa, Súplica)


Noémia de Sousa nasceu em Moçambique e era ativista político para a independência de Moçambique e contra o regime de Salazar. Este poema mostra a paixão que ela tinha quanto seus ideais políticos, e os sentimentos de empoderamento que os africanos se sentiam para a independência. Ela estava escrevendo no meio do século XX, muito depois do tempo de escravidão africano; no entanto, os habitantes de Moçambique e Angola durante esta época não tinham liberdade política. Aqui neste poema, ela está fortalecendo estes povos reprimidos, relembrando-os que seus mentes jamais podem ser tiradas. Qualquer pessoa possa virar escravo na vida física, mas somos nós que decidimos se cederemos nossos pensamentos, esperanças, e sonhos. Então quando ela disse, "Mas deixem-nos a música!" a música representa o espírito do povo. O povo sempre estará livre se guarda seu patrimônio, cultura, e esperança para uma vida melhor. É somente quando o povo desiste e aceita mentalmente a opressão, a tirania, e a escravidão que realmente cede sua liberdade.

25 de Fevereiro de 2011

"Era uma vez
O mundo"
(Oswald de Andrade, Crônica)

Geralmente, eu gosto mais de ler poemas curtos, porque é mais rápido terminar de ler o poema. Até soneto, que somente tem quatorze versos, é difícil querer ler às vezes. Então é mais provável de que eu gostaria mais de um poema bem curto como este de Oswald de Andrade. No entanto, a brevidade deste poema também dá mais sentido a ele. O autor está zoando as antigas crônicas e histórias dos exploradores. O título é "Crônica," e o poema começa com "Era uma vez." Isto dá o sentido que vai ser alguma grande ou exótica história, mas no próximo verso o poema só termina com "O mundo." Então o autor está dizendo que tudo aconteceu uma vez. A ironia é que uma frase tão simples e curta possa descrever tudo que já aconteceu na história do mundo. É engraçado.

17 de Fevereiro de 2011

"Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

'Espera ao menos que desponte a aurora!
[...]
Espera um pouco! deixa que amanheça!'

-E ela abria-me os braços. E eu ficava.

E, já manhã, quando ela me pedia
Que de seu claro corpo me afastasse,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

'Não pode ser! não vês que o dia nasce?
[...]
Espera um pouco! deixa que anoiteça!'

-E ela abria-me os braços. E eu ficava."
(Olavo Bilac, Tercetos)


Este poema tem duas partes. O autor escreve sobre um amante que quer passar mais tempo com sua namorada. Na primeira parte ele desenvolve alguma desculpa sobre a escuridão da noite e a chuva etc. até a moça calmamente deixa ele ficar até a manhã. Então, na segunda parte, quando finalmente amanheça, a namorada diz que ele deveria sair. Então o amante tem que inventar outra desculpa sobre como é muito cedo, e o que as pessoas pensariam se eles o vissem, e ele quer ficar até a noite, etc. Então ela deixe-o ficar até a noite, e isto é o fim do poema.
Eu acho que este poema captura os sentimentos de namorados novos. Eles só querem ficar juntos, e para eles, nada mais importa. É muito difícil pensar no futuro, e provavelmente eles vão poder se ver novamente. No entanto, enquanto estão namorando, é bem mais fácil pensar só no momento. Se um dos dois precisa sair, o outro vai pensar em tudo que consegue para fazer o primeiro ficar mais tempo. Muitas vezes, portanto, os namorados novos deixam ou esqueçam de fazer seus deveres. Por exemplo, no primeiro semestre que eu estava namorando minha esposa, eu recebi o pior GPA que eu já tenho recebido. Foi muito afortunado que nós nos casamos, porque minhas notas só tem melhorado desde nosso casamento. Ao menos eu estou grato que eu jamais terei que passar por tudo que estes dois namorados neste poema estão passando novamente.

11 de Fevereiro de 2011

"Poesia
grão amargo
entre meus dentes."
(Neide Archanjo, Poesia)

Estes três versos constituem este poema todo. Podemos saber que isto é poesia porque tem uma forma claramente diferente do que a prosa. Neide Archanjo está dando a definição de poesia; o que é poesia para ela. É fácil entender o que ela está pensando sobre a poesia. É uma coisa que queremos expressar, mas é muito difícil rasgar da boca. É aquela grão amarga que, se estivesse na terra ao invés de preso nos dentes, brotaria e floresceria em algo bonito. No entanto, até o momento que conseguimos tirar da boca e dizer ou escrever o que estamos pensando, vai ficar nos aborrecendo. Mas, por que está em nossa boca em primeiro lugar? É porque quando criamos os versos lindos da poesia nós desejamos, nós ansiamos para criar mais. Mas quando pensamos em uma idéia para uma poesia, esta idéia vai nos irritando até trabalhamos suficientemente para soltar esta idéia da mente ou da boca.

4 de Fevereiro de 2011

"-Não, Igor. Queremos evitar uma guerra de extermínio. Temos os meios para eliminar a sua espécie, mas...
Outra vez, Igor interrompe, expelindo uma baforada de fumaça que o secretário recebe na cara com maldisfarçado desgosto.
-Negativo, doutor. Vocês não têm como nos liquidar. A bomba? Seria preciso arrasar todas as grandes cidades do planeta, e ainda assim sobreviveríamos nas ruínas. Guerra bacteriológica? Não esqueça que as experiências com germes foram feitas conosco. Existe uma elite entre nós, criada em laboratórios, imune a todos os vírus. Podemos transmitir essa imunidade a várias gerações em questão de semanas. Nós, reverendíssimo, é que temos os meios para liquidar vocês."
(Luis Fernando Verissimo, Negociações)


Nesta crônica, o Luis Fernando Verissimo está contando uma história de uma grande conferência entre a raça humana e os ratos. Já existem bilhões mais ratos no mundo do que homens, e os homens querem negociar como continuar porque acham que quase não há espaço mais para as duas raças. Nesta citação a representante dos ratos, chamado Igor, está explicando por que nenhuma das armas dos homens seria capaz de destruir os ratos. A verdadeira razão é que os homens têm criado um espécie que é imune às suas próprias armas porque experimentaram com os ratos. Se os homens decidam jogar uma bomba, matariam se mesmos com os ratos, e o que é mais é que os ratos conseguiriam viver nas ruínas.
É claro que esta crônica é de ficção, mas tem uma lição, ou pelo menos uma questão, interessante. A raça humana é verdadeiramente a espécie dominante na terra? Talvez pode ser que não. Talvez nós teremos criado uma espécie que é mais resistente do que nós por tanta experimentação nela. Claro que nós temos como destruir todos os ratos, ou todas as outras espécies de criaturas da terra, se pensaríamos que necessitava. No entanto, teríamos que destruir nossa espécie no processo. Agora, eu acredito que jamais haverá uma situação em que a única esperança para salvar a raça humana é de destruir todos os ratos na existência. Contudo, talvez nós como um povo deveríamos tomar mais cuidado e aceitar mais responsabilidade para as nossas ações para com nossa planeta.

28 de Janeiro de 2011

"Diga-me mais, cavalinho: o que é a dor de um homem quando não há ninguém por perto? Um homem, por exemplo, que caiu num buraco muito fundo e quebrou as duas pernas. Talvez essa dor devore a si mesma, como uma cobra se engolindo pelo rabo.
"Mas tudo isso é nada. Não se parem as coisas por causa de um cavalo. Não se param as coisas nem mesmo por causa de um homem ... Mas por que seria indigno de um ser humano puxar uma carroça? Por que não seria indigno também de um cavalo?" (Sérgio Sant'Anna, Conto (não conto))

Este conto de Sérgio Sant'Anna é quase uma coisa de filosofia. Ele sempre está escrevendo coisas como, "São nada. Ou tudo", e "Um pouco mais que nada. Ou muito, não se sabe". Eu acho este citação interessante  porque faz os leitores pensar sobre a importância da vida; não somente da vida humana, mas da vida de qualquer ser. A narração aqui é como Juliet, em Romeo and Juliet de Shakespeare, dizendo, "O que nós chamamos uma rosa/Por qualquer outro nome cheiraria como o doce". Certamente se um homem cai num buraco fundo e quebra as duas pernas vai se sentir muita dor. Mas se nenhum de nós estamos por perto, como saberemos que ele está se sentindo dor? Como saberemos que ele existe mesmo? Mesmo assim, ele está com muita dor, quer saibamos ou não.
Continuando, o Sant'Anna afirma que as coisas não se parem por causa de um cavalo nem por causa de um homem. Se as coisas vão se parar, certamente nós pensariamos que seria para um homem, porque o homem domina o planeta. No entanto, as coisas não se param por ele, então podemos acreditar que a vida do homem é mais importante do que a vida do cavalo? O Sant'Anna acredita que não. Ele afirma isto quando ele continua com a última parte desta citação. Se a vida do homem não é mais importante no grande esquema das coisas do que a vida do cavalo, por que o homem teria vergonha de puxar uma carroça? O cavalo puxa a carroça sem nenhum sentimento de indignidade ou vergonha. Eu acredito que isto pode ser porque a inteligência do homem faz com que o homem é o único ser que consegue pensar que existem tarefas próprias para os animais, e existem tarefas próprias para os homens. Se uma tarefa está delegada para um animal, o homem estaria regredindo ao fazer a mesma tarefa. Mas tudo isto somente vem da mente do homem, porque qualquer outro ser não se importaria com estas tipas de coisas.

21 de Janeiro de 2011

"Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual dará por epitáfio esta emenda que faço, aqui ao divino sermão da montanha: 'Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados'". (Machado de Assis, O Enfermeiro)

Este é o último parágrafo deste conto, e também é o último justificação do Procópio. Em alguns outro contos do Machado de Assis, o desfecho é quado alguém é matado. No entanto, em O Enfermeiro, a complicação é quando o Procópio mata o coronel Felisberto. Durante o resto do conto, o Procópio fica justificando a ação de matar o coronel. O testamento final do coronel deixa toda a sua fortuna com o Procópio. O Procópio fica com tudo mesmo que ele é atormentado toda a sua vida porque ele é a única pessoa que sabe não somente que o coronel foi assassinado, más que foi o Procópio que o matou. Por causa desta tormento interno, o Procópio deve ter algum meio de aliviar sua culpa. Uma maneira é de narrar este conto para que os leitores possam saber a verdade a respeito do morte do coronel. O outro é de justificar suas ações. Ao final, ele conclui que o maior aflição que ele tem é de viver o resto de sua vida com o fortuna do coronel. Sua vida tem sido preenchido desde a morte do coronel com tanta justificação que ele tem que mudar as palavras da bíblia para ter algum consolo. A ironia do conto é que ele espera que, "Os que possuem ... serão consolados" porque ele descobriu que possuindo todas as coisas materiais não dá felicidade nem paz de consiência.

14 de Janeiro de 2011

"'Filosofia da história', por exemplo, é uma locução que deves empregar com freqüência, mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade, etc., etc." (Machado de Assis, Teoria do Medalhão)

Teoria do Medalhão, escrito por Machado de Assis, é um diálogo entre um pai e seu filho, que está para fazer seus 22 anos. O filho está entrando na maioridade, e o pai está dando conselho a ele. O pai quer mais do que tudo que seu filho se torna "medalhão", que quer dizer uma figura cheio de si, que tem capital social, mas não faz nada nem contribua nada a sociedade. Esta passagem é interessante porque o pai diz ao filho que não deve pensar por si mesmo.  Todas as idéias importantes já foram descobertas, e o bom medalhão só repete estas idéias. O pai até fala que seu filho deve fugir de qualquer coisa ou situação que pode ser interpretada de o filho chegando a seus próprios conclusões sobre qualquer assunto. O que é interessante é que o pai já está fazendo que o filho não pensa por si mesmo. Ele está influenciando o filho a ser o que ele quis ser, mais nunca será. O pai deve estar pensando que se o filho dele torna-se alguém importante, o pai também será importante pela relação. Este é um pai que quer ser uma pessoa importante, más nunca poderia, então precisa viver vicariamente pelo seu filho. E para alcançar este sonho, o filho deve ser uma pessoa importante que pode ser manipulado pelo pai, e não há nehuma carreira melhor por isto do que o de medalhão.