"-Não, Igor. Queremos evitar uma guerra de extermínio. Temos os meios para eliminar a sua espécie, mas...
Outra vez, Igor interrompe, expelindo uma baforada de fumaça que o secretário recebe na cara com maldisfarçado desgosto.
-Negativo, doutor. Vocês não têm como nos liquidar. A bomba? Seria preciso arrasar todas as grandes cidades do planeta, e ainda assim sobreviveríamos nas ruínas. Guerra bacteriológica? Não esqueça que as experiências com germes foram feitas conosco. Existe uma elite entre nós, criada em laboratórios, imune a todos os vírus. Podemos transmitir essa imunidade a várias gerações em questão de semanas. Nós, reverendíssimo, é que temos os meios para liquidar vocês."
(Luis Fernando Verissimo, Negociações)
Nesta crônica, o Luis Fernando Verissimo está contando uma história de uma grande conferência entre a raça humana e os ratos. Já existem bilhões mais ratos no mundo do que homens, e os homens querem negociar como continuar porque acham que quase não há espaço mais para as duas raças. Nesta citação a representante dos ratos, chamado Igor, está explicando por que nenhuma das armas dos homens seria capaz de destruir os ratos. A verdadeira razão é que os homens têm criado um espécie que é imune às suas próprias armas porque experimentaram com os ratos. Se os homens decidam jogar uma bomba, matariam se mesmos com os ratos, e o que é mais é que os ratos conseguiriam viver nas ruínas.
É claro que esta crônica é de ficção, mas tem uma lição, ou pelo menos uma questão, interessante. A raça humana é verdadeiramente a espécie dominante na terra? Talvez pode ser que não. Talvez nós teremos criado uma espécie que é mais resistente do que nós por tanta experimentação nela. Claro que nós temos como destruir todos os ratos, ou todas as outras espécies de criaturas da terra, se pensaríamos que necessitava. No entanto, teríamos que destruir nossa espécie no processo. Agora, eu acredito que jamais haverá uma situação em que a única esperança para salvar a raça humana é de destruir todos os ratos na existência. Contudo, talvez nós como um povo deveríamos tomar mais cuidado e aceitar mais responsabilidade para as nossas ações para com nossa planeta.
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